Ter, 17 de Dezembro de 2013

 
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nota nesta terça-feira (17) com críticas à intenção do Governo de aumentar o número de vagas de Residência Médica no país. Apesar de ser uma luta histórica das entidades médicas, o CFM teme que a medida não tenha o lastro necessário para garantir a boa formação dos futuros especialistas.
 
De acordo com a entidade, o Governo deve estar atento para assegurar que critérios mínimos de infraestrutura e de corpo docente sejam oferecidos aos residentes. “Sem isso, o processo de ensino não se concluirá, devolvendo à sociedade um profissional sem a qualificação esperada, comprometendo o atendimento dos pacientes”, afirma a entidade.
 
Outra preocupação do Conselho Federal de Medicina é que a decisão do Governo seja uma tentativa de “mascarar a crise nos hospitais gerais e prontos-socorros, como denunciado pela imprensa”. No documento, endereçado à sociedade, a entidade chama atenção para o risco real de prejudicar a formação dos futuros especialistas e não resolver o cenário de caos instalado, com medidas deste tipo. Para o CFM, a crise das emergências passa, principalmente, por aumento de investimentos e melhor gestão.
 
Confira abaixo a íntegra do documento.

 
 
NOTA À SOCIEDADE

Assunto: CFM alerta para a qualidade da residência médica

 
Com respeito as 12,4 mil novas vagas de Residência Médica (até 2018), anunciadas nesta terça-feira (17), o Conselho Federal de Medicina (CFM) expressa sua preocupação com as consequências dessa medida, que podem comprometer de forma irreversível a qualidade na formação dos especialistas brasileiros. Por isso, alertamos para os seguintes aspectos:
 
1)      O êxito da iniciativa só ocorrerá se houver condições adequadas de preceptoria e infraestrutura apropriada (instalações e equipamentos) para a formação dos residentes. Sem isso, o processo de ensino não se concluirá, devolvendo à sociedade um profissional sem a qualificação esperada, comprometendo o atendimento dos pacientes;
 
2)      O risco de comprometimento na formação é real, pois, atualmente, há número considerável das vagas nas Residências Médicas disponíveis em instituições de ensino que descumprem regras mínimas estabelecidas pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), obrigando-a a realizar diligências na tentativa de corrigir as pendências identificadas;

3)      Ações deste calibre devem estar atentas aos limites do sistema formador do país e fugir da tentação de usar residentes para mascarar a crise nos hospitais gerais e prontos-socorros, como denunciado pela imprensa. Sem observar requisitos mínimos para o ensino de qualidade, o Governo prejudicará a formação dos futuros especialistas e não resolverá o cenário de caos instalado, cuja solução passa por mais investimentos e melhor gestão.
 
Se historicamente, as entidades médicas defendem que cada aluno egresso de uma escola de Medicina tenha vaga assegurada para obter sua especialização, essa luta não impede críticas a mais uma medida de apelo midiático, sujeita à sérios problemas operacionais.
 
 
Assim, o CFM – por meio de informações da CNMR e pelo acompanhamento dos programas de Residência Médica nos Estados – monitorará esse processo para impedir o desrespeito aos parâmetros para formar profissionais com alta qualidade ética e técnica.

 

 
Conselho Federal de Medicina

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