Macapá, 06 de julho de 2019
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Amapá (CRM-AP) retornou ao Hospital de Emergência nesta sexta-feira (05/07). A última fiscalização, no local, ocorreu oito meses atrás. A equipe constatou que não ocorreram melhorias na estrutura e que a falta de insumos ainda é um problema recorrente.
A enfermaria de psiquiatria teve que ser interditada. O espaço possui um ralo de esgoto, fiação elétrica exposta, forro deteriorado, macas sem proteção lateral e colchões em péssimas condições. A direção do HE terá cinco dias para adequar o ambiente, após o recebimento do termo de vistoria, que será enviado pela autarquia.
Os problemas no laboratório também chamaram atenção da autarquia. A carência de produtos para realização de exames, como reagente, permanece. Os profissionais não têm papel toalha, sabão e álcool para higienizar as mãos. A equipe encontrou coletores de exames sendo lavados para serem reaproveitados. Segundo relatos, os aparelhos de análises laboratoriais não passam por manutenção e o resíduo do laboratório vem sendo despejado diretamente no esgoto no Hospital.
Também foi identificado que a UTI possui apenas um desfibrilador e este apresenta problemas. A unidade de terapia intensiva precisa de oxímetro (dispositivo que identifica a quantidade de oxigênio no sangue e de capnógrafo (ferramenta de monitoramento para uso durante anestesia e terapia intensiva).
Além dos problemas identificados pelos conselheiros da autarquia, os pacientes fizeram vários relatos à equipe sobre os desafios enfrentados durante a internação no HE. Segundo eles, o hospital possui enfermarias lotadas, sem janela, sem ar-condicionado e em alguns casos sem banheiro.
Também reclamaram da longa espera para conseguir uma transferência para o Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima e ou Hospital da Criança e do Adolescente. No momento da fiscalização do Conselho, uma criança de três anos estava internada na semi-intensiva com aparelhos improvisados pelos profissionais da saúde.
A dificuldade para realização de exames mais específicos, como tomografia e ressonância fora do HE foi outro questionamento citado pelos familiares dos pacientes. Eles contam que em muitos casos é preciso ter uma Unidade de Suporte Avançado, que é uma ambulância usada em casos mais graves, e por isso, a espera acaba sendo longa. O raio-x está sem película. Os pacientes ficam impossibilitados de levar seus exames. De acordo com os profissionais, este problema ocorre há mais de três meses.
O relatório de fiscalização será enviado para Ministérios Públicos do Amapá e Federal, Secretaria de Saúde do Amapá e Conselho Federal de Medicina (CFM).