Escrito por Thiago Teixeira

O câncer é um processo através do qual uma sequência de alterações genéticas transforma uma célula normal numa célula maligna, ou seja, agressiva e de crescimento descontrolado. Dentre os inúmeros cânceres que afligem a humanidade, o câncer de próstata merece destaque, não só pelo grande número de casos, mas também pela possibilidade de tratamento adequado e cura, caso seja diagnosticado precocemente.
 
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata apresentou uma estimativa de 60 mil novos casos na população brasileira no ano de 2012, com o estado do Amapá contribuindo com uma taxa de aproximadamente 22 novos casos para cada 100 mil habitantes, o que, em termos práticos e se excetuando o câncer de pele, coloca o de próstata em primeiro lugar no sexo masculino tanto no país quanto em nosso estado. Diante destes números, não há como negar a necessidade de adequado rastreamento desta doença, e é justamente isso que este “Novembro Azul” nos faz lembrar.
 
O rastreamento deste câncer é feito inicialmente de forma anual pelo profissional médico especialista, no caso o urologista, e deve iniciar para todos os homens a partir dos 55 anos, excetuando-se aqueles com história de câncer de próstata em parentes de primeiro e segundo grau (pai e irmãos) ou nos indivíduos da raça negra, os quais devem ir ao consultório ao completar 40 anos. Esta rotina abrange a aferição do PSA no sangue e o toque retal. O PSA (sigla em Inglês para Antígeno Prostático Específico) é hoje o melhor marcador tumoral que dispomos, muito embora necessite ser bem interpretado. E o que seria um marcador tumoral? Seria uma substância que pode estar elevada na presença de um tumor específico. Mas vale esclarecer que o simples aumento do PSA não quer dizer que o paciente apresente câncer, afinal muitas outras situações levam a este aumento, como prostatites (inflamações da próstata), hiperplasia benigna da próstata (aumento benigno da próstata que aparece como o envelhecimento masculino), dentre outras. Além do mais, cerca de 25% dos casos de câncer de próstata cursam com PSA dentro dos valores considerados normais, por isso a grande importância do toque retal e da consulta com o Urologista. O preconceito ainda reveste bastante este tipo de exame, porém quando se compreende a necessidade e a importância para a saúde masculina, consegue-se uma adesão elevada dos pacientes masculinos, afinal qual homem hoje não se preocupa com sua saúde?
 
Concluindo, temos como mensagem neste Novembro Azul: todo homem a partir dos 55 anos e aqueles de 40 anos, negros ou com pai ou irmãos com câncer de próstata devem ir ao Urologista para sua consulta inicial de prevenção, que abrangerá o toque retal e a realização do PSA.

Thiago Teixeira é urologista, professor e chefe da Divisão de Urologia da Medicina da Universidade Federal do Amapá (Unifap). Além de coordenador da Educação Médica Continuada do CRM-AP.